Bruninho é um dos meus irmãos não nucleares que Deus me
permitiu ter e essa semana o pai dele faleceu. Vivíamos juntos em Itu, e nosso
relacionamento é bem próximo como de irmãos.
(É engraçado pensar nas coisas que eu vivi em Itu, porque
foram os quatro anos mais intensos que já tinha vivido até então. Conheci
tantas pessoas e lugares nesse período, mais do que minha vida toda, formei em
Marketing e na sequência comecei Cinema, trabalhei com vários projetos ao mesmo
tempo, aperfeiçoei o inglês, aprendi espanhol. A sensação que eu tenho é que
sempre fui de Itu) Deixei minha família não nuclear lá.. E o Bruninho é um
deles.
Comigo é assim, quando parte alguém próximo a mim, ou
próximo a meus queridos, fico reflexiva.
E além do Pai do Bru, estamos em plena pandemia de COVID-19,
quase 400 mil mortos (340.315 pra ser exato – enquanto
escrevo).
Vira e mexe, reflito sobre minha partida, penso mais em quem
fica do que em mim que vou.. (talvez graças ao meu signo, tenho um certo desejo
na alma por aventuras, e de alguma forma é como se “my soul longs for it”.
Porém hoje me falta paz, me falta convicção a respeito da
minha pós morte.
Nem sempre eu senti essa falta de paz, já fui muito segura e
convicta a respeito do que um cristão crê em relação a morte.
Como mãe, gostaria de deixar tudo "organizado" pra minha filha, como deixar escrito sobre os tramites a serem feito com meu corpo, deixar relatos pra ela, etc. Sei que ela vai senti falta da minha presença... mas quero proporcionar pra ela motivação pra ela seguir.
Como mãe, gostaria de deixar tudo "organizado" pra minha filha, como deixar escrito sobre os tramites a serem feito com meu corpo, deixar relatos pra ela, etc. Sei que ela vai senti falta da minha presença... mas quero proporcionar pra ela motivação pra ela seguir.
Na verdade eu quero estar em paz, pra ela ficar em paz sabe?
A morte da minha mãe mexeu muito com a minha cabeça e minhas
crenças.
Engraçado que eu tinha prometido a Deus que NADA, mudaria
minha visão a respeito de como eu o via, e sutilmente percebo agora que uma
lente borrada passou a assumir minha visão, e essa falta de nitidez, trouxe
muita dúvida pra minha mente.
Enfim.. quem conviveu conosco nos últimos meses de vida da
minha mãe, sabe que ela NÃO QUERIA MORRER (ela não aceitou que estava morrendo
até 3 dias antes de morrer). Ela não estava em paz em partir, queria ficar mais
que tudo! Queria ver os netos, ver a cura de Deus fisicamente no corpo dela.
E ela tinha MUITA FÉ, acreditava nisso com tudo!
Minha mãe foi uma mulher de fé, e não tem UMA PESSOA NA FACE DA TERRA, que conhecendo ela diria o contrário.
Minha mãe foi uma mulher de fé, e não tem UMA PESSOA NA FACE DA TERRA, que conhecendo ela diria o contrário.
Mas POR QUE ELA NÃO QUERIA MORRER?
E isso me incomoda profundamente hoje.
Me faz questionar a ela e a mim mesma..
Por que EU não iria querer voltar pra Deus? (O crente
acredita que morre e vai pro céu né?)
Por que preferir ficar aqui, do que ir pra casa do Eterno? Principalmente
nas condições em que ela se encontrava.
Do que ME adianta ser Cristã, se não quero morrer?
O motivo número um de eu ter me batizado no cristianismo,
foi por medo de morrer e ir pro inferno! Então 7 de setembro de 1998, num
retiro da igreja batizei pra ir pro céu!
Lembro do medo que eu tive durante o retiro, lembro das
minhas amigas falando comigo da importância do batismo, lembro de um curso
rápido de batismo que fiz, e eu tinha que responder algumas perguntas em
público, como “quem é Jesus pra você?” e “por que você quer ser batizada?”-
rituais – minha conversão veio anos depois lá pra 2004, depois de muito choro e
arrependimento de verdade! – mas esse não é o assunto.
Talvez muitas pessoas assim como eu, se batizam por medo de
morrer e estar no caminho errado.
Eu cresci num lar cristão, minha mãe é meu maior exemplo
pessoal de fé, era (é) minha intercessora, motivadora, é MINHA MÃE né?! Tudo o
que sou, grande parte é por ter sido criada por ela. Meu exemplo de FÉ, meu
exemplo de CRISTÃ!
Contrário dela e dos meus irmãos, eu aceitei a partida dela,
no momento em que ela me contou que estava com câncer. E a maneira como tudo
aconteceu, e o tratamento que ela optou por fazer, cada dia era mais claro pra
mim que a morte dela estava mais perto do que eu poderia imaginar.
Foi um sofrimento muito grande. E em cada etapa, ela não
queria morrer, não queria partir, não aceitava que seu corpo estava padecendo.
ELA NÃO QUERIA MORRER!
“Posso ficar?!” Ela falou a um homem de Deus que veio com a
mensagem de que ela era a noiva, Jesus o noivo, e ele estava as portas para vir
busca-la! “Mas eu não quero ir!” – você pode até pensar que ela não queria
partir preocupada com os filhos, era também – Mas ela apaixonada D+ por Deus,
por Jesus, pela obra de Deus pra simplesmente deixar tudo isso pelos filhos.
Principalmente pela condição em que ela vivia.
Na época, não tive minha mente clara para perceber e
ajuda-la a ver com os olhos da fé.
Isso me bagunçou.
Não culpo ela, nem a mim, nem a ninguém, hoje tenho que
conviver com meus questionamentos e dúvidas a respeito da morte, do pós morte.
Isso faz parte da minha jornada.
Estou diante de um dos grandes paradoxos da minha vida: meu
exemplo de fé cristã, minha maior
incentivadora, e motivadora pra continuar sendo cristã, a fervorosa glória a
Deus aleluia, preferia ficar aqui a ir pro céu.
Meu consciente captou
esse pensamento hoje.
O nó na minha mente,
foi dado há mais de cinco anos.
Acho q estou no meu
caminho lento do processo de cura e de “let
things go!”
Obrigada Deh por me permitir visitar áreas da minha mente
que geralmente não acesso sozinha. Sem nossa conversa jamais chegaria aqui. Te
amo.
Mano, se você ler esta mensagem, quero que saiba que sua dor que você sente agora, será amenizada um dia. Te amo.