Allan
Stewart Konigsberg nasceu em Dezembro de 1935 no Brooklyn, Nova York.
Aos 15 anos entrou para o show business, escrevendo piadas para um
jornal local e diálogos para talk shows.
Com seu nome conhecido e temendo chamar atenção e receber zombaria por partes
de seus colegas de classe, o comediante decidiu usar um stage name de Woody Allen. Allen
chegou a fazer stand-up contando
suas piadas e eventualmente obteve sucesso com isto.
Depois de adquirir uma certa
experiência no palco, o jovem Allen foi convidado, em 1965, a escrever seu
primeiro roteiro para cinema, com o filme “O que é que há, gatinha”, dirigido
por Warren Beatty.
Esta produção foi o primeiro trabalho dele como roteirista e ator. A comédia é
peculiar, pois mistura uma atuação exagerada e meio mole com um roteiro
contendo ótimos diálogos. O filme conta a estória do playboy
Michael James, vivido por Peter O’Toole, que se nega a largar a vida de
conquistador e procura a ajuda de um terapeuta (Peter Sellers), que por sua vez
também enfrenta seus próprios problemas românticos. Sua
estreia como diretor, aconteceu com o filme “O que há, tigresa” em 1966, com um
filme peculiarmente anômalo e de cunho experimental. Todo seu elenco é japonês,
este filme foi produzido pela indústria fílmica do Japão e o que Allen criou
foram novos diálogos para o filme, que não necessariamente estão de acordo com as
cenas. É perceptível que o humor concernente ao sexo vem seguindo o cineasta
desde então.
Ao longo de sua carreira, os
aspectos alusivos aos filmes de Allen têm se destacado, com seus temas variados.
O grande cineasta consegue manter as características pertencentes a ele, sendo
impossível não reconhecer sua marca em algum trabalho. Os personagens são fatores
que deve-se ter atenção, pois a maneira como ele os constrói gera uma certa
curiosidade e inquietação, a maneira como enfrentam desafios relacionados ao
dia a dia, os medos, desejos, curiosidades, loucuras, ou questionamentos que às
vezes não se ousa falar a respeito. Os personagens tendem uma certa verossimilhança
com o mundo real, e o cineasta consegue transmitir isto através de uma maneira
absoluta.
O filme “Hanna e suas irmãs”, não é
uma exceção de identificação e amabilidade com as personagens expostos no
filme. Um personagem enredador que entra nas características descritas no
parágrafo anterior é Mickey, que trata dos questionamentos da vida como o temor
e a incerteza do que acontecerá após a morte.
O fato de Mickey ser hipocondríaco,
não é o primordial nesta dissertação, mesmo atentando que os hipocondríacos de
natureza encontram problemas de saúde aonde não tem, mas o que chama a atenção
é a maneira como ele reage quando descobre o resultado de um exame.
Mickey procura um médico por causa de um
zumbido no ouvido e acredita que por causa disso está perdendo a audição. O
médico efetua vários exames e aparentemente está tudo normal. Então, pede que
Mickey faça outros exames mais específicos profundos para ter certeza do que
está acontecendo. O tempo todo, o médico diz que é um procedimento normal e que
não se pode tirar conclusão alguma antes de ter os resultados. A ansiedade de
Mickey aumenta de maneira monumental. Curioso sobre seu estado, Mickey entra em
contato com um médico amigo da família para saber quais seriam as possibilidades
na pior das hipóteses. Este amigo diz que na pior das suposições ele poderia
ter um tumor no cérebro que estaria interferindo em sua audição. Esta
probabilidade salienta a ansiedade de Mickey, deixando-o com insônia e
pensamentos negativos a respeito do que se passa em seu corpo. Neste clima
obstinado, em sua próxima consulta à espera do resultado de seu exame, ele cria
uma situação em sua mente onde o médico está afirmando que ele tem um tumor e
que não adiantaria cirurgia. Ele se depara com a realidade de que está prestes
a encarar a eternidade. Para seu alívio o médico diz que ele está ótimo e que os
exames não acusaram nada e seja lá o que casou a perda da audição, não era nada
de grave.
Qualquer outra pessoa consideraria
está novidade sendo uma boa notícia, a vida voltaria ao seu cotidiano corriqueiro
e certamente esta pessoa viveria mais intencionalmente aproveitando a boa
dádiva que acabou de receber. Entretanto Mickey tem uma reação anormal e
intrigante a respeito deste fato com um certo aspecto contemplativo. Sua grande questão é mesmo que ele não morra
neste exato momento ou nos próximos dias por causa desta doença algum dia ele
terá que enfrentar a morte e o que espera na eternidade. Por causa desta dúvida
ou pela falta de conhecimento, ele começa uma saga em busca de respostas para saber
o que acontecerá após a morte. Percorre o caminho da filosofia, psicanálise,
chega a pensar que o amor teria a resposta, todavia permanece insatisfeito com
o que encontra. Sua busca é aberta e sincera, Mickey se submete a buscar resposta
nas religiões, pensando que alguém lhe daria a argumentação pronta e se depara
com o fato de que não há contestação. Ninguém sabe como será. Não há relatos científicos
do que acontecerá após a morte. Há especulações populares mas nada concreto.
Enquanto Mickey pensa e reflete
sobre, a vida após a morte, ele é levado ao ponto que não adianta gastar tempo
e energia contemplando alguma coisa que não se pode experimentar essencialmente.
Este algo que não está ao alcance do ser que vai usufruir desta experiência
gera uma ausência de vida presente, impossibilitando o ser de viver
intensamente aproveitando as oportunidades que lhe são colocadas diante dele,
abstendo da vida e convívio daqueles que estão ao seu redor. O medo, a
insegurança e a graça em reagir ao duvidoso, é a tradução da alma humana. Cada
um tem sua persona e amaneira em
encarar os desafios são intrínsecos em cada ser humano, que é um ser complexo,
e inerte em meio a ansiedade não é capaz de tomar decisões ou atrair elementos
positivos ao seu redor.
Contudo, a partir do momento em que
pensa por si só, sem buscar preceitos tesos em alguma fonte, o homem é capaz de
raciocinar e trazer a responsabilidade de viver intencionalmente dando
existência à vida que lhe foi confiada. É fato que a humanidade busca respostas
das mais diversas. Chega a ser assustador o fato que nem sempre pode-se bater o
martelo sobre algumas questões. A alma foi criada para eternidade, para ansiar
por algo além de que os olhos são capazes de ver, e resposta estará na
insaciedade de cada ser em buscar sua polêmica.
É cômico como hipocondria, fé e
crise existencial se perpetua nos temas de Allen, dando uma percepção de quão
complexo são seus personagens. E quem não é complexo? Quem não busca respostas
para grandes questões? O que não deve acontecer a todos que estão em busca de
respostas é o conformismo causando preguiça na mente, que pode atrofiar o
desejo de ir em busca do desconhecido.
Seja desafiado a pensar.
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